"Eu adormeço às margens de uma mulher: adormeço às margens de um abismo."
Eduardo Galeano
Tenho manchado meus lábios com vinho e murmúrios
e tenho te desejado mais que a mim,
mais que meu futuro próximo e pródigo,
ou mais que a cidade: ruas
e avenidas
que te busco e sei que não estás,
sei que a esta hora estás
em tua casa, oculta, dentro de livros
e personagens: trechos de teu corpo que não li
e não lerei - quem sabe - nunca.
No entanto, te desejo
e isso dói mais aos domingos.
Te desejo como nunca
havia desejado,
mas te escrevo e te esqueço
porque em meus lençóis de mármore
tu não estás.
Palavra (de teu
nome que)
nome que)
como um rio cresce
cortando cidades, passando pela mata,
por casas
por infâncias: como um
rio
teu nome
cresce dentro de mim
e vai batendo e batendo e batendo
e corro contra as ruas, contra os parques,
praças
corro dentro de mim: rodopio em meus planos,
giro e danço em minha arquitetura de vento:
ventanias
que te levam.